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Encontros, separações e o desejo que nos transforma.

  • Foto do escritor: Ug Cobra
    Ug Cobra
  • 14 de jan.
  • 2 min de leitura

Existem encontros que nos marcam. São como forças silenciosas que chegam devagar sem avisar e que aos poucos, através dos ecos e das ondas que causam, nos tiram do nosso lugar, nos dão nova perspectiva, sem que saibamos que essa revolução acontece em nós. Estes encontros são momentos marcados por um desejo.


Quando convivemos e nos relacionamos com alguém que nos causa esse desejo, algo poderoso se move em nós. Esse desejo nos transforma, nos dá sentido, direção, nos anima. É isso que está em jogo em um encontro. Esse outro nos toma um pouco.. Por essa razão, uma separação amorosa pode ser tão dolorosa. Quando nos separamos de alguém ao qual vivemos intensos sentimentos, é como se de fato, uma parte nossa tivesse morrido.É como a perda de algo que nos fazia borbulhar e arder numa ânsia de vida. É uma experiência dolorosa.


O luto que se sucede é a vivência dessa experiência de separação. Zizek no seu livro “Como ler Lacan” nos aponta que a grande dor do luto é aceitar esta ideia de que “aquilo que é tão importante se tornará um objeto ao qual eu não desejarei mais”. Essa travessia não é fácil e demanda uma re-articulação dos pedaços que ficaram.


A Psicanálise nos diz que uma experiência é melhor compreendida no “só depois” e não tanto no momento em si. De certa forma, esse é um aspecto meio trágico da experiência humana. A gente acaba entendo a riqueza e profundidade de algumas vivências só depois. Muitas vezes um luto leva tempo porque é nessa separação que começamos a processar tudo aquilo que foi vivido.


Uma vez um antigo mestre me falou o seguinte: “o que é um homem senão a coleção das tragédias amorosas que sobreviveu?”. Isso tudo sempre me botou a pensar sobre como é importante para todos nós esta questão do amor. Por mais que estejamos em uma sociedade que cultua o individualismo e a solidão nas conquistas, existe uma verdade que se impõe sempre: nós precisamos dos outros em nossa vida. Pois nos primórdios de nossas vidas, foi o olhar de outros que nos formaram.


Como não amar o amor, eu me questiono às vezes. Como suportar os efeitos de um desejo? Bom, seguimos tentando entender essas forças silenciosas.

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Ug Cobra
Psicólogo e Psicanalista

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